sábado, 16 de abril de 2011

Oculomotricidade


A capacidade de promoção de movimentos e de ajustamentos posicionais oculares para as variadíssimas demandas visuais (olhar longe ou perto, à direita ou à esquerda, acima ou abaixo, em quaisquer combinações e com diferentes magnitudes para os deslocamentos de cada olho) requer uma coordenação de alta elaboração e precisão.

Com desempenhos garantidos pelas respostas de doze músculos oculares externos (seis em cada olho), acionados por três pares de nervos craniais, cujos estímulos dependem de interações entre os comandos volitivos a essa movimentação e os de reações automáticas complementares, o sistema oculomotor mantém, ademais, uma rigorosa cooperação com as funções sensoriais visuais binoculares. Constitui-se, assim, um conjunto ainda mais complexo e de firme interdependência entre visão (mono e binocular) e oculomotricidade, demandas e estímulos, centros de comandos e respostas, em que causas e conseqüências se misturam. Daí, também, a sua vulnerabilidade, explicando uma prevalência relativamente alta (cerca de 5%) para os desequilíbrios manifestos do sistema oculomotor (estrabismos) e seus distúrbios correlatos, mas ainda maior se outras formas latentes, ou compensadas (heteroforias) e incoordenações (nistagmos, dissinergias,etc.) forem também consideradas.

O rompimento de quaisquer das comunicações sucessivas ou defeito de uma das estruturas de transição (dos
estímulos e, ou comandos) desestrutura o conjunto, causando-lhe desequilíbrio. Assim, defeitos primários do sistema sensorial, tais como impedimentos à formação adequada de imagens ópticas do objeto (opacificações de meios oculares transparentes, ametropias), lesões de retina, nervo óptico, vias visuais ou áreas corticais, enfim quaisquer causas de má visão, são também determinantes de desequilíbrios da coordenação oculomotora. Por outro lado, afecções originárias do sistema oculomotor (centros ou vias de comando supranucleares, lesões de nervos, miopatias, etc.) produzem distúrbios no posicionamento e movimentação dos olhos, do que resultam inadequações da integração visual binocular das imagens (diplopias, confusões), com os decorrentes mecanismos defensivos (supressões). A conseqüência é a perda da capacidade da discriminação visual fina das distâncias egocêntricas (perdas de estereopsia) e, nos casos em que o defeito
motor ocorre na infância, a possível deterioração da função visual do olho que se mantém desviado (ambliopia).

Enfim,nos estrabismos, reconhecidos pela população leiga como representando apenas um defeito da estética fisionômica (e cujas conseqüências são as de prejuízos da auto-estima, do relacionamento afetivo e psicossocial) há, também, perdas visuais importantes e eventualmente irreversíveis, sejam elas causas primárias do desvio (por exemplo, lesões de coriorretinite, retinoblastomas, neurites ópticas), ou conseqüências dele (ambliopias). Em alguns casos, podem ser achados para cada olho, independentemente, desempenhos visuais discriminativos normais; mas estará ausente a capacidade de cooperação entre eles; isto é, a visão binocular achar-se-á sempre prejudicada (mesmo no caso em que puder ser demonstrada boa visão para cada olho).

Bicas,
Arq Bras Oftalmol 2003;66:687-700

Um comentário:

  1. Olá Aline e Angela,

    Sou pedagoga e fisioterapeuta, estou trabalhado na inclusão escolar com crianças com paralisia cerebral, baixa visão e cegueira, adaptação de materiais para proporcionar acessibilidade para sala de aula, gostaria de saber onde ou como encontrar curso na área de reabilitação visual ou outro curso que esteje voltado para esta área.
    obs.: não consegui colocar foto como seguidora, vou tentar novamente.
    Deborah Carvalho

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